sábado, 2 de junho de 2012

Holanda



A Holanda é uma seleção que sempre desempenha um futebol ofensivo, agressivo e vistoso, mas infelizmente esse estilo de jogo rendeu poucos frutos ao pequeno país. O bi-vice em 1974 e 1978 entristece aqueles amantes do futebol bem jogado. As alcunhas que a seleção carrega são merecidas, Laranja Mecânica e Carrossel holandês, tudo pelo futebol de toque de bola envolvente e trocas de posições constantes que confundiam o time adversário. Em 1998, na Copa da França,  apesar do racha dentro da equipe, em que os negros e os brancos do time não se bicavam, chegaram até as semifinais com merecimento e fizeram um jogo épico contra o Brasil. Só que Ronaldo com a categoria e toda a qualidade exuberante que tinha na época tocou por baixo do monstro Edwin van der Sar. Patrick Kluivert empatou com uma belíssima cabeçada. O final dessa história todos podem ver aqui.

Mesmo encantando o mundo com seu futebol em várias épocas, o maior título da história da seleção holandesa foi mesmo a Euro 1988. Em que o grande atacante Marco van Basten acertou um chute raríssimo e bastante improvável fazendo esse gol, um dos mais bonitos da história deste esporte. Apenas um título internacional parece pouco para os descendentes de Rinus Michels, simplesmente um dos maiores mitos do futebol, grande treinador que revolucionou o esporte em sua época. Mais uma vez a Oranje disputará uma competição como uma das favoritas. Atual vice-campeã mundial e com jogadores do calibre de Arjen Robben e Robin van Persie não poderia ser diferente. Van Persie inclusive vem fazendo golaços de todo tipo e encantando os torcedores do Arsenal. E tem gente aqui no Brasil que o considera o André Lima holandês. Nacionalismo exacerbado e pachequismo nunca fazem bem, amar e torcer por seu país é normal. Agora achar que só o futebol daqui presta e que não existe mais nada do outro lado do Atlântico é de uma empáfia gigantesca.

E outros bons nomes têm surgido no futebol dos Países Baixos, como os irmãos Luuk e Siem de Jong. O primeiro se notabiliza pelo faro de gol e por ter recursos técnicos, não só o posicionamento na área. O segundo começou no Ajax jogando como meia, mas nessa última temporada acabou atuando mais adiantado, como uma espécie de segundo atacante. Não foi mal, no fim acabou preterido pelo irmão mais novo e porque não, mais talentoso. Duas das surpresas da lista final de Bert van Marwijk são o lateral esquerdo Jetro Willems, de ascensão meteórica no PSV e o atacante do Heerenveen Luciano Narsingh. O jovem lateral de apenas 18 anos e 1,62 m se destaca pela velocidade e facilidade no apoio ao ataque, deve ser reserva imediato do experiente Wilfred Bouma, que vai bem tanto na zaga como na lateral. Narsingh dificilmente terá uma oportunidade já que tem a forte concorrência de jogadores como Dirk Kuyt e Klaas-Jan Huntelaar, artilheiro do último campeonato alemão, a Bundesliga.

No meio campo até questionam bastante a presença de Ibrahim Afellay, que praticamente não tem jogado com a camisa do Barcelona. Em todo caso, é um jogador talentoso, de drible fácil que pode ser bastante útil. Ao contrário de Ryan Babel e Eljero Elia, que despontaram bem no futebol holandês mas nunca vingaram fora de seu país. Ou ainda mais atrás, Romeo Castelen, que sofrendo com inúmeras lesões nunca pôde se firmar nem no Hamburgo, quiçá na seleção laranja. Na proteção á defesa van Marwijk tem dois cães-de-guarda da melhor raça. Nigel de Jong e Mark van Bommel são implacáveis na marcação, ambos até possuem qualidade com a bola no pé, mas se dedicam mais a destruir as jogadas. Invariavelmente surpreendem, Mark com seus potentes chutes de longe e Nigel com sua velocidade aparecendo como elemento surpresa. Mas não só de grosseria vive o meio campo holandês, que tem três canhotos que qualquer seleção do mundo gostaria de ter. Rafael van der Vaart, Kevin Strootman e Stijn Schaars.

Rafael é um daqueles meias habilidosos quase inexistentes no futebol atual, é bom na bola parada, finaliza bem e em pouco tempo se tornou ídolo no Tottenham, da Inglaterra. Schaars, quando se transferiu para o Sporting Clube de Portugal parecia ter dado um rumo ruim à sua carreira. A boa temporada que fez como titular absoluto do clube português fez com que retornasse à seleção. Strootman tem características bem parecidas com as de Schaars, ambos são bons no passe longo e conseguem fazer a bola chegar com qualidade até os pés de Wesley Sneijder, grande referência da equipe. Companheiro de Schaars no Sporting, Ricky van Wolfswinkel é ausência sentida. Talvez merecesse mais a vaga na Euro 2012 do que o jovem Narsingh, no mínimo o matador tem um pouco mais de experiência internacional que o jogador do Heerenveen. A maior preocupação com certeza é a defesa, já não se fabricam mais Ronalds de Boer e Jaaps Stams com tanta facilidade.

Com a contusão de Erik Pieters, zagueiro do PSV que vinha sendo o lateral esquerdo da seleção desde que Giovanni van Bronckhorst se aposentou, Marwijik acabou preferindo contar com a vivência de Bouma na seleção e também convocou o garoto citado acima. Urby Emanuelson que na época de Ajax parecia ótima opção até hoje não se definiu em que posição jogar no Milan, da Itália. Vurnon Anita começou no Ajax como uma espécie de winger pela direita, com o tempo acabou recuando e foi parar na lateral esquerda, mesmo sendo destro. Velocidade e resistência física são seus pontos mais fortes. Edson Braafheid - que é praticamente um zagueiro- teve seus momentos e nunca agradou, ou passou a confiança necessária. Sendo assim, com a fatalidade de Pieters ter se machucado, o treinador fez bem.

A defesa titular deve ser formada por Gregory van der Wiel - que reina absoluto na lateral direita- , John Heitinga, Joris Mathijsen e Wilfred Bouma. Caso van der Wiel tenha algum problema Heitinga faz a lateral com tranquilidade, e Ron Vlaar (um dia comparado a Stam) pode entrar no miolo da zaga, ou se preferir, o treinador holandês pode optar pelo descendente de marroquinos Khalid Boulahrouz, os tornozelos adversários que se cuidem! No gol a Holanda vai muito bem, obrigado! Maarten Stekelenburg apesar de não ser unanimidade assumiu a titularidade desde que o "Salsicha" Edwin van der Sar decidiu se aposentar. Michel Vorm e principalmente Tim Krul, são destaques em seus times e são extremamente confiáveis.

Será que dessa vez vem um título?


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