quinta-feira, 31 de maio de 2012

Alemanha




Após todas as atrocidades ocorridas no nebuloso passado alemão, só em 2006 as bandeiras germânicas puderam tremular com orgulho. Foi emocionante poder ver o público extasiado reverenciando sua seleção, que se não foi campeã lutou bravamente e mereceu aplausos. A derrota para os italianos no Westfalenstadiun (atual Signal Iduna Park) durante a prorrogação foi como um murro no meio da cara. Mas com o gol de Fabio Grosso não restava outra alternativa a não ser atacar e tentar o empate que levaria a decisão para os pênaltis. Mas na tentativa desesperada a defesa se desguarneceu e Alessandro Del Piero matou de vez o time da casa. Mas o que se viu na Arena do Borussia Dortmund foi inesquecível e marcou aquela já saudosa Copa.

Aquele time tinha muitos jogadores com origens nada alemãs, o que mostra que a mentalidade por lá mudou um pouco. O ataque titular era formado por dois poloneses, no meio um descendente de polacos que era o Borowski, na ocasião. No banco um jogador ganês e outro com origens no país africano, além de um suíço rápido, já em fase decadente na carreira. Gerald Asamoah, David Odonkor e Oliver Neuville foram importantes quando entraram nas partidas daquele mundial. O assunto aqui era para ser a Euro 2012 não? Mas há muita história que merece ser contada com calma, para aqueles leitores que gostam de se inteirar de detalhes que passam longe do gramado.

Quatro anos mais tarde a miscigenação no país ficou ainda mais evidente. Dennis Aogo, filho de nigerianos na lateral esquerda, Serdar Tasci, de origem turca no miolo da zaga, Jérôme Boateng, nascido em Berlim, mas com descendência ganesa, assim como seu irmão, que optou por defender a seleção de Gana na Copa da África do Sul por se ver sem espaço na seleção alemã. Kevin-Prince Boateng, que jogou por todas as seleções de base da Alemanha, só quis participar do glamour da maior competição do mundo do futebol. Não quis jogar a Copa Africana de Nações em 2012, tem comportamento egocêntrico e empáfia. No meio campo, Sami Khedira é filho de tunisianos, Piotr Trochowski nasceu na Polônia, Mesut Philippe Özil é filho e turcos, Marko Marin nasceu na Bósnia, fugindo da guerra, cresceu no país germânico.

E para finalizar, dois atacantes com sangue latino, o nosso queridíssimo brasileiro de Santo André, Claudemir Jerônimo Barreto, mais conhecido como Cacau. E o alemão de nascimento, mas com o sangue quente espanhol que atende pelo nome de Mário Gómez. Toda essa mistura de estilos, maneiras diferentes de jogar esse esporte, fez com que a Alemanha jogasse o futebol mais agradável de ver na Copa de 2010. E agora, para essa Euro que se aproxima, e com a evolução demonstrada de lá pra cá, os alemães são um dos maiores favoritos a conquistar seu quarto título europeu. Como ocorreu em 1972, 1980 e 1996, sem contar três vices em 1976, 1992 e 2008, e ainda um terceiro lugar em 1988. Tudo isso prova que os alemães chegam com tudo, se não levam o título incomodam bastante.

Falando em Turquia e Alemanha, os dois países travam duelos por jogadores, pois existem muitos turcos vivendo no país. Alguns casos emblemáticos são dos irmãos gêmeos Halil e Hamit Altintop, que apesar de terem nascido em Gelsenkirchen, na Alemanha, optaram por defender a seleção da Turquia. Assim como Nuri Sahin, este sim bastante disputado entre as federações dos dois países. Sahin nasceu em Lüdenscheid, cresceu nas categorias de base do Borussia Dortmund, desde cedo chamava atenção. Após um empréstimo ao Feyenoord, da Holanda, voltou mais maduro e tornou-se um dos destaques do clube. Que após anos no ostracismo retornou aos tempos de glória e conquistou o campeonato alemão. Foi aí que Sahin tomou uma das piores decisões da carreira, que foi se transferir para o Real Madrid e ficar esquecido. No time alemão com certeza teria o protagonismo e os elogios tão comuns pela sua habilidade na perna esquerda.

Para essa Euro 2012 a Alemanha vai poder contar com duas joias genuinamente alemãs, Marco Reus e Mario Götze são jogadores que fogem das características comuns dos atletas daquele país. Sabem driblar muito bem, visão de jogo apurada e qualidade técnica que impressiona. Muitos ao ler este texto vão se lembrar do baile que a seleção brasileira levou de uma seleção que "joga algo que é igual ao futebol, parece futebol, mas não é", como alguns entendidos globais diriam! E não podemos deixar de citar as novidades que agora fazem parte do elenco além dos já citados. Marcel Schmelzer que se firmou na lateral esquerda do bi-campeão Borussia Dortmund. 

Benedikt Höwedes que se firmou com a camisa do Schalke 04, Mats Hummels que de dispensado do Bayern deu a volta por cima e hoje é unanimidade não só no Borussia como na seleção. İlkay Gündoğan, outro descendente de turcos que chegou caladinho do Nurembergue e foi peça fundamental para substituir Sahin no Borussia. Lars Bender levou a melhor sobre seu irmão gêmeo e acabou levando a vaga. De fato o volante do Bayer Leverkusen é ligeiramente melhor que Sven Bender do auri-negro bi-campeão. No ataque André Schürrle foi uma das boas revelações recentes do futebol alemão e merece estar na lista final. Thomas Müller, apesar da fase ruim na última temporada tem crédito, afinal de contas, foi o artilheiro da Copa da África do Sul em 2010.

Qual é o seu palpite? A Nationalelf levanta o caneco?

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