segunda-feira, 21 de maio de 2012

Festa azul em Munique!



Muitos chegaram a dizer que a final entre Bayern e Chelsea não seria digna do tamanho e da importância que a  Champions League tem hoje. O 1 a 1 no tempo normal, a prorrogação com pênalti perdido e a decisão nos penais evidenciam que emoção não faltou. Com o nervosismo dos jogadores numa final desse tamanho, sendo em apenas um jogo, é normal que a partida se torne dramática. Os desfalques que o Chelsea tinha eram mais graves que os do time Bávaro. Os Blues não puderam contar com seu principal defensor, John Terry, que perdeu a cabeça contra o Barcelona e acabou expulso por agressão. O brasileiro Ramires, o maior destaque do time inglês nos últimos meses, suspenso, também não pôde jogar.

O técnico Roberto Di Matteo, para quem não se lembra, encerrou sua careira como jogador no clube londrino. Fazia parte daquele saudoso elenco que contava com Ed de Goey no gol, Dan Petrescu na direita e Celestine Babayaro ou Graeme Le Saux pela esquerda, Marcel Desailly e Franck Lebouef formando a zaga. Didier Deschamps, Gustavo Poyet e o baixinho Dennis Wise no meio-campo, Chris Sutton, Tore André Flo no ataque, ambos no auge. O time ainda contava com George Weah, já em fim de carreira. John Terry, ainda bem jovem, já aprendia a defender bem com os franceses citados. Naquela época o Chelsea ainda ficou marcado por contar com vários italianos. Carlo Cudicini no gol, Di Matteo, Gabrielle Ambrosetti e Samuele Dalla Bona no meio, Gianfranco Zola e Pierluigi Casiraghi no ataque.

O trabalho feito pelo ítalo-suíço é de uma grandeza notável, soube fazer jogadores badalados formarem um verdadeiro time. Apagou a fogueira das vaidades sempre latente neste elenco já um pouco envelhecido. Di Matteo que pelo nome obviamente descende de italianos, nasceu em Schaffhausen, na Suíça. Por lá começou sua carreira, passou por FC Zurich e FC Aarau antes de chegar em Roma, onde defendeu a bela camisa da Lazio. No Chelsea foram seis temporadas, até se aposentar. Sua boa relação no clube fez com que seu nome fosse respeitado, treinou Milton Keynes Dons e West Bromwich Albion entre 2008 e 2011, quando enfim chegou ao clube pelo qual nutre um carinho para ser assistente técnico. Esperou seu momento e quando a chance apareceu soube aproveitar como poucos.

Voltando ao que interessa, os desfalques do time alemão eram o brasileiro Luiz Gustavo, Holger Badstuber e David Alaba. O austríaco - Alaba - filho de nigerianos, apesar de ter apenas 19 anos, vinha jogando muito bem na lateral-esquerda, mesmo sendo formado como meia. Badstuber que há pouco tempo era o lateral-esquerdo titular, acabou se firmando na zaga ao lado de Jerôme Boateng, até em virtude da fratura do belga Daniel van Buyten, costumeiramente o titular. Luiz Gustavo é um volante que prima pela marcação implacável, chegou a jogar como lateral-esquerdo na época em que o treinador Jupp Heynckes ainda tinha dúvidas. O croata Danijel Pranjic, rápido, baixinho e canhoto também chegou a jogar por ali. Quando van Buyten se machucou, Boateng ainda não tinha total confiança do treinador, então o ucraniano Anatoliy Tymoschuk acabou jogando improvisado na zaga durante boa parte da temporada.

Com os desfalques, Heynckes resolveu não complicar muito, fez o simples. Recuou Toni Kroos para jogar de volante ao lado de Bastian Schweinsteiger. Colocou Tymoschuk na defesa e escalou o lateral-esquerdo reserva Diego Contento, que é bastante limitado e por isso era preterido até por jogadores de outras posições. O fato de recuar Kroos deixou um buraco no meio-campo alemão, que foi pouco notado por conta da grande partida que fez Schweinsteiger. Thomas Müller, eleito a revelação da Copa 2010, não está em boa fase, mas acabou entrando no jogo decisivo. Franck Ribéry e Arjen Robben como de costume, incomodavam bastante pelas pontas com seus dribles e jogadas em velocidade. Mas a defesa do Chelsea estava muito bem postada, David Luiz e Gary Cahill mostraram que são boas opções. Os titulares vinham sendo o sérvio Branislav Ivanovic e Terry.

O time alemão era favorito não só por ter mais talento disponível, mas também por jogar em casa. Para quem não sabe, o palco da final é escolhido com um certo tempo de antecedência. Portanto, desde que a competição começou o Bayern sabia que se chegasse até a final jogaria em casa. E de fato, o time mais vencedor da Alemanha se comportou como o esperado. Dominou o jogo por completo, pressionou, perdeu chances claras. Quando parecia que o jogo ia mesmo terminar 0 a 0, Schweinsteiger acertou belo cruzamento da esquerda, e a bola encontrou a cabeça do iluminado Thomas Müller - sortudo que só ele - não deu chances ao monstro Petr Cech. Que até encostou na bola, mas como foi um tiro à queima-roupa não foi possível efetuar a defesa. Normalmente o tcheco não costuma aceitar esse tipo de gol, a bola foi em cima dele. E assim o título parecia cair no colo do time vermelho, que já havia sido vice na temporada 2009-2010, quando perdeu para a Internazionale de José Mourinho.

Mas num escanteio o marfinense Didier Drogba subiu muito bem e acertou uma cabeçada que mais parecia um chute. O gol foi até semelhante ao de Müller, a bola foi na direção de Manuel Neuer, mas com a força e velocidade que viajou não deu para defender. E assim os dois times foram para a prorrogação, não demorou muito e Drogba acabou cometendo um pênalti claro em Ribéry. Robben foi o encarregado da cobrança, logo ele que nesta temporada perdeu muitos pênaltis importantes. Não deu outra, o holandês sentiu a pressão, conseguiu bater forte, mas Cech chegou bem na bola e fez uma bela defesa. O jogo seguiu com o Bayern pressionando até o fim. Mas a decisão foi mesmo para as penalidades. O capitão Philipp Lahm se encarregou da primeira cobrança, bateu bem e Cech nem viu a cor da bola.

Chegou-se a cogitar que o brasileiro Rafinha entraria na lateral-direita, e Lahm jogaria na lateral-esquerda, posição onde foi bem por muitos anos. Talvez fosse uma boa opção, devido a grade limitação técnica de Contento. Juan Mata partiu para a primeira cobrança do time inglês, bateu mal e facilitou a vida de Neuer. Mario Gómez colocou o Bayern em vantagem, David Luiz, mesmo com a pressão, bateu muito bem e ainda provocou a torcida atrás do gol. Surpreendentemente, Neuer assumiu a responsabilidade e bateu o pênalti de forma segura e confiante. Frank Lampard, referência no meio-campo do Chelsea e dono de um dos melhores chutes do futebol mundial, teve calma e converteu sua cobrança. O croata Ivica Olic havia entrado durante a prorrogação, era um dos jogadores mais inteiros. Nem isso ajudou, o canhoto acabou perdendo sua cobrança, defendida por Cech.

O experiente Ashley Cole durante o tempo normal teve a ajuda de Ryan Bertrand, lateral-esquerdo de ofício, foi a maior surpresa da final. Com os dois laterais bons na marcação Robben teve muitas dificuldades para desenvolver seu jogo. Cole foi incumbido de fazer a quarta cobrança, foi bem e empatou a decisão. Schweinsteiger, que foi o melhor jogador do Bayern no jogo, sentiu a responsabilidade na quinta cobrança e acabou acertando a trave esquerda de Cech. Didier Drogba foi para a derradeira cobrança, muitos torcedores não queriam nem ver, pois o marfinense tem histórico de pênaltis perdidos. Com certeza o leitor deve se lembrar da final da Copa Africana de Nações. Onde o atacante perdeu uma cobrança durante o jogo e outra na decisão por pênaltis. Mas dessa vez a história foi diferente, a bola morreu no canto direito de Neuer. Assim, o título tão perseguido pelos Blues, que escapou em 2008/2009 - também numa decisão dramática nos penais - alegrou boa parte dos londrinos!


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