quarta-feira, 27 de junho de 2012

Libertadores – Verdades e Mentiras





Tem gente falando que a organizada do Corinthians torceu contra o São Caetano na final da Libertadores em 2002. Outros dizem que o Timão agora pode rivalizar com o time do ABC. Incrível como querem desprezar o Time do Povo, como se ser o maior campeão do estado de São Paulo, um dos maiores campeões nacionais desse país fosse "nada" ou "pouco". Sem contar o Mundial de 2000, sim, o primeiro teste, o começo do verdadeiro Mundial Interclubes, não um joguinho único entre uma equipe da América do Sul contra outra da Europa que insistem em chamar de "Mundial". Não que a Copa Intercontinental não fosse importante, ela é demais, mas definitivamente não é Mundial. 

Existem bons argumentos que geram boas discussões, como quando dizem que Ásia, África, Oceania, América do Norte, Central e Caribe não eram ou não são nada no futebol. Existem pessoas que defendem que os times da Oceania deveriam ser proibidos de participar de competições internacionais. Como se nacionalidade fosse sinônimo de talento, este que brota em qualquer lugar. Mas quando o TP Mazembe, da República Democrática do Congo eliminou o Internacional de Porto Alegre, muitas opiniões foram de que um clube brasileiro não pode perder para um africano daquela forma. Por que não? Os ufanistas de plantão tiveram a audácia de falar que Neymar é melhor que Messi, um jogador já consagrado, três vezes eleito o melhor do mundo, maior artilheiro em uma única temporada na Europa, maior artilheiro de uma única edição do campeonato Espanhol com incríveis 50 gols!

Não, mas os nacionalistas oba-obísticos tinham que fazer a massa acreditar que Ganso e Neymar são o futuro da seleção. Precisavam criar um ídolo urgentemente, o Brasil, "país do futebol" estava carente de um craque. Eis que depois de tomar sufoco de um time asiático, no caso o Kashiwa Reysol, do Japão, o Santos foi humilhado, destroçado por aquele que era o então melhor time do mundo, o Barcelona, da Espanha. O passeio do clube espanhol só foi um choque de realidade para aqueles que vão surfando na onda da mídia. Uma dica é tentar, tentar não, ter uma visão independente do que a mídia controladora informa. Fazer sua própria opinião, pensar, como poucos gostam ou fazem.

Em 2012 Neymar tem dado indícios de não ser esse craque todo que a Rede Bobo quer fazer dele. Ganso? Este há dois anos não joga um futebol de alto nível, que comprove toda a badalação que há em torno dele. Os mais jovens podem não saber, mas historicamente os clubes brasileiros valorizavam os Campeonatos Estaduais mais até que os nacionais ou internacionais. Priorizavam o Cariocão, o Paulistão. Tanto é que o Campeonato Brasileiro, com essa nomenclatura, só começou em 1971. A Taça Brasil, que tinha um formato parecido com o da atual Copa do Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) eram as competições nacionais antes do começo do Brasileirão.

Libertadores? Para os brasileiros não significava nada. Para que você tenha uma ideia melhor, na lista dos times que mais participaram da principal competição de clubes da América do Sul, entre os 15 com mais participações, não aparece um único clube brasileiro. Sendo que entre os 12 primeiros estão “potências” como Bolívar; Universitário, Sporting Cristal e Alianza Lima; El Nacional, Barcelona de Guayaquil e Emelec. Clubes fortes em seus países, fato inegável, mas fracos internacionalmente. Mas se o Brasil gosta da bater no peito e arrotar prepotência e empáfia, por que não lidera o índice de maiores participações na Libertadores? O clube brasileiro com mais participações é o São Paulo, por 15 vezes disputou e levou o título em três ocasiões.

Próximos ao Tricolor estão Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio, com 14 e 13 participações. Sendo que o clube mineiro foi campeão em 1976 e 1997, o gaúcho campeão em 1984 e 1995 e o paulista em 1999. Na lista dos 20 maiores pontuadores das 53 edições já realizadas da competição, pela ordem, uruguaios, argentinos, paraguaios, colombianos e chilenos dominam, até mesmo o Bolívar, gigante dentro da Bolívia, mas patinho feio fora dela, está na frente dos brasileiros. O primeiro time brasileiro que aparece é o São Paulo, na 11º posição. Então meu caro, tire suas próprias conclusões. Os maiores campeões da história dessa competição são argentinos, uruguaios e paraguaios, só depois aparecem os brasileiros. Outro dado interessante, é que os argentinos são os que mais disputaram finais da competição, foram 30 com 22 títulos e oito vices. Na segunda posição aparece o Brasil, também com 30 finais, 15 títulos e 15 vices.

O aproveitamento argentino nas decisões é bem melhor, 73,3% contra 50% do Brasil. Só o Boca Juniors derrotou Palmeiras, Grêmio e Santos em finais recentes. Para não falar do Estudiantes de Juan Sebastián Verón, que derrotou o Cruzeiro na final de 2009. Não é raro ler ou ouvir da imprensa tupiniquim que argentinos tremem contra brasileiros em finais, quando é justamente o contrário.  Por que será que o maior artilheiro da história da Libertadores é um equatoriano (Alberto Spencer, 54 gols), não um brasileiro? O primeiro brasukinha que aparece é Luizão (29 gols), que vestiu camisas importantes no futebol brasileiro, defendeu Guarani, Palmeiras, Vasco, Corinthians, São Paulo.

Em 2012, mais uma vez brasileiros e argentinos se enfrentam em uma decisão de Libertadores. De um lado o Boca Juniors, campeão seis vezes, experiente, tradicional e que fará sua décima final. Do outro o Corinthians, clube de 102 anos, que está apenas em sua décima participação na competição e que pela primeira vez chega a final. Os adversários gostam de falar que o clube paulista espera pelo título há mais de 100 anos, mas se esquecem que a Libertadores só existe há 53 anos. E que os clubes brasileiros só passaram a dar mais importância e atenção á competição a partir dos anos 90. Não que em 1976 os cruzeirenses não tenham comemorado, ou os santistas em 62/63, ou até mesmo flamenguistas ou gremistas, campeões nos anos 80.

Fato é que comemoraram mais pelo fato de ser um título do que pelo status de ser campeão internacional. Entretanto, após tudo o que foi dito, quem tremerá na final de 2012? Qual será o campeão? Boca? Corinthians? Camisa pesa? O clube argentino pode até ser campeão pela sétima vez, igualando o maior campeão que é o também argentino Independiente. Mas o clube brasileiro tem a melhor defesa da história das 53 edições dessa competição, sofreu apenas três gols. O ataque é deficitário, ninguém esconde. No entanto, o time demonstrou não sentir a pressão da competição, se é para acabar com a zica, que seja em grande estilo.  A chance é boa de ser campeão invicto e contra o Boca, o que deixa os torcedores adversários arrancando os cabelos.

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