quinta-feira, 7 de junho de 2012

Euro 2012 - Rússia



Campeã da Eurocopa em 1960 como União Soviética, a Rússia surpreendeu na Euro 2008 quando chegou até as semifinais. Superando a Holanda com show de Andrei Arshavin nas quartas-de-final, sucumbindo apenas contra a Espanha, que no fim ficou com o título! Aquele time dos anos 60 tinha no gol o lendário Lev Yashin, um dos maiores goleiros que o futebol já teve. Com o desmembramento da URSS, países como Ucrânia e Geórgia ficaram independentes. Cito os dois países pois foram os que historicamente revelaram mais talentos para União Soviética. Na Euro 64, que foi disputada em solo russo, Yashin e seus companheiros chegaram novamente à final. Mas ao contrário do que aconteceu em 60, quando venceram a também desmembrada Iugoslávia por 2 a 1 na prorrogação, perderam pelo mesmo placar para Espanha em 64. Depois do quarto lugar na Euro 68, disputada na Itália, já sem Yashin, a União Soviética chegou novamente á final do europeu de 1972. Em solo belga, foram massacrados pela Alemanha Ocidental de Gerd Müller, 3 a 0. Após um hiato de 12 anos longe da principal competição de seleções da Europa, a União Soviética retornou aos holofotes em 1988, quando perdeu a final contra a Holanda de Marco van Basten em solo alemão. Aquele time tinha jogadores de talento, os atacantes ucranianos Ihor Belanov e Oleh Protasov formavam uma bela dupla. No meio Oleksiy Mykhaylychenko, conterrâneo dos atacantes citados, tinha um futebol competente. A camisa 1 pertencia a Rinat Dasayev, e a defesa era comandada por Oleh Kuznetsov e Anatoliy Demyanenko, mais dois ucranianos. Como e leitor percebeu, a espinha dorsal era formada por atletas do país de Andriy Shevchenko.


Em 1992, em solo sueco, a Rússia participou como CEI (Comunidade dos Estados Independentes), já que no ano anterior os 15 países que formavam a União Soviética se tornaram independentes. A seleção provisória contava com jogadores georgianos, ucranianos e russos. O time já sem Belanov e Protasov ainda tinha Mykhaylychenko e Kuznetsov, e outros jogadores como Viktor Onopko, Stanislav Cherchesov, Dmitri Kharine, Sergei Yuran e Andrei Kanchelskis (na época jogador do Manchester United). Após empatar com Alemanha (1x1) e Holanda (0x0) e tomar 3 a 0 da Escócia, caíram ainda na primeira fase. 
Em 1996, na Eurocopa da Inglaterra, enfim como Rússia, o país teve uma de suas piores participações, inclusive com a pior defesa da competição, 8 gols sofridos em 3 jogos. Aquele time tinha Valery Karpin, estoniano que escolheu a Rússia como pátria, Aleksandr Mostovoi, um dos melhores meias da história do país. No gol Kharine ainda era o titular, mais experiente e jogando no Chelsea, deixava Cherchesov no banco. Na defesa Yuri Kovtun, Yuriy Nikiforov e o carequinha Viktor Onopko eram os mais talentosos. Kanchelskis ainda fazia parte da seleção, que ainda tinha o rápido Vladimir Beschastnykh e o habilidoso Dmitri Khokhlov. O segundo fez sucesso na Holanda e na Espanha, onde jogou por PSV e Real Sociedad, em 2003 retornou ao seu país, defendeu o Lokomotiv por três temporadas e rumou para o Dynamo, onde encerrou a carreira em 2010 e hoje é dirigente e faz um trabalho elogiável, recuperando um gigante que estava adormecido.


Na primeira Euro organizada por países vizinhos, no caso Bélgica e Holanda, os russos não estavam presentes. Retornando em 2004, na Euro disputada em Portugal e surpreendentemente vencida pela Grécia, que derrotou o anfitrião. O time liderado por um Mostovoi em fim de carreira e por um Alenichev já envelhecido não conseguiu se dar bem no Grupo A, com Espanha, Portugal e Grécia. A chave difícil explica a queda na primeira fase, pois no papel o time era bom. Ovchinnikov era o titular no gol, Vyacheslav Malafeev e Igor Akinfeev já faziam parte do selecionado. Que tinha também jogadores qualificados como Aleksey Smertin, Andrei Karyaka, Rolan Gusev, Igor Semshov, Dmitri Loskov, Evgeni Aldonin. Os rápidos Marat Izmailov e Vladimir Bystrov também marcaram presença. Dmitri Bulykin, Dmitri Sytchev, Aleksandr Kerzhakov e Dmitri Kirichenko eram os atacantes com estilos bem diferentes. O que dava opções a Georgi Yartsev, técnico na época. Mas não foi possível avançar para os mata-matas, e os dois times que se classificaram em sua chave fizeram a final. A liga russa foi se desenvolvendo mais, em 2004/2005 o CSKA tornou-se o primeiro clube russo a conquistar um título europeu, quando levantou a Copa da UEFA, atual Liga Europa. Fato que se repetiu em  2007/2008 com a conquista do Zenit São Petersburgo. Agora os olhares estão voltados para a UEFA Champions League, os clubes investem bastante, são ricos e conseguem segurar seus principais jogadores. Em 2008, treinada pelo competente holandês Guus Hiddink, os russos mostraram evolução. Hiddink no entanto, disse que os jogadores precisavam sair da comodidade que eram habituados e buscar jogar em outras ligas para adquirir experiência internacional. Foi aí que os principais jogadores daquele time se transferiram para vários clubes. Arshavin foi para o Arsenal, Bilyaletdinov para o Everton, Pavel Pogrebnyak para o Stuttgart, Roman Pavlyuchenko para o Tottenham e Zhirkov para o Chelsea. Hoje só um deles não retornou para casa, Pogrebnyak trocou o time alemão por um inglês, o Fulham.


No entanto, o time acabou fracassando nas eliminatórias para a Copa de 2010 e isso retardou um pouco a evolução que ia caminhando bem. Em um grupo com Alemanha, Finlândia, País de Gales, Azerbaijão e Liechtenstein, rapidamente já se notava que a briga pela vaga direta seria dura. Os russos ficaram em segundo lugar sem sustos, o que garantiria a vaga na repescagem. Ficaram quatro pontos atrás da Alemanha, e perderam a vaga exatamente no confronto direto. Perdeu na Alemanha por 2 a 1 e perdeu em casa por 1 a 0, em um jogo que dominou a maior parte. Na repescagem contra a Eslovênia, poucos imaginavam um fracasso. Mas ele aconteceu, muito pelo salto alto dos russos que acharam que seria fácil passar do bom time esloveno. Vitória apertada na Rússia por 2 a 1 e derrota por 1 a 0 na Eslovênia, o gol fora classificou os eslovenos.Após o fracasso retumbante, o time se recuperou nas eliminatórias para Eurocopa Polônia/Ucrânia. O Grupo A tinha Eslováquia, Armênia, Macedônia, Andorra e Irlanda. E os russos se classificaram com facilidade na primeira posição. A Premier Liga russa se adequou ao calendário europeu nesta última temporada. A partir da temporada 2012/2013 vai seguir a organização das principais ligas do continente. E agora o que a torcida espera é um papel digno nos países vizinhos e também uma reformulação. Já que Arshavin e Pavlyuchenko já passaram dos 30 e Pogrebnyak e Kerzhakov estão próximos. Os jovens que se destacam na convocação final são Alan Dzagoev, Anton Shunin e Aleksandr Kokorin. O meia do CSKA  está bem cotado e se fizer uma boa Euro deve se transferir para uma liga maior, dizem que o Manchester United está de olho nele. Shunin e Kokorin são duas boas revelações da última temporada da liga russa, que marcou o ressurgimento do Dynamo como um dos maiores do país. O clube ficou muitos anos longe da briga pelo título e fazia campanhas abaixo de sua grandeza.

Se os três nomes citados parecem pouco para quem precisa se renovar, olhando com mais atenção poderemos notar outros bons nomes. Como Pavel Yakovlev, cria do Spartak e que passou as duas últimas temporadas emprestado ao Krylya Sovetov, ajudando o clube de Samara a permanecer na primeira divisão com seus gols importantes. Kirill Nababkin, bom lateral do CSKA, herdou a vaga que seria de Roman Shishkin, cortado por lesão. Os irmãos gêmeos Dmitri e Kirill Kombarov ao lado de Denis Glushakov, talvez possam ajudar ao menos a manter a Rússia no patamar que está no momento. Aleksey Ionov foi elogiado por Dick Advocaat, que o definiu como um jogador "liso", ou seja, com bom drible. Após uma convocação o atleta de 23 anos não confirmou as expectativas e acabou emprestado ao modesto Kuban, que terminou a última temporada na oitava colocação. No mais, a preocupação com a renovação é grande. Ausências serão sentidas nessa Euro, Vasili Berezutskiy acabou cortado por opção de Advocaat, que preferiu convocar o lateral-esquerdo Vladimir Granat, outro destaque do Dynamo. Fez certo, Vasili nunca se firmou como titular absoluto na seleção russa, e sendo destro, atuava pelas duas laterais. Ao contrário de seu irmão gêmeo, Aleksei Berezutskiy, que sempre foi titular no miolo da zaga. No meio a ausência mais sentida é de Dinyar Bilyaletidinov, um meia canhoto habilidoso como ele é raro de se encontrar. Desde que retornou ao seu país depois de uma passagem pelo Everton da Inglaterra, não conseguiu repetir as boas atuações que o levaram a se transferir. O atacante do Zenit, Aleksandr Bukharov (em má fase) também ficou fora, mas é compreensível. Pois suas características são muito parecidas com as de Pavlyuchenko e Pogrebnyak. Por outro lado a volta de Marat Izmailov depois de anos fora da seleção pode ser vista de forma positiva.


Será que Arshavin poderá liderar a Rússia em voos mais altos?
Veremos o que acontece!

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