quinta-feira, 28 de março de 2013

Seleção Brasileira - Falta Talento




Muitas críticas rondam o ambiente da Seleção, na época que a mesma era treinada por Dunga, choviam reclamações de todos os tipos. E a maior delas era o fato do nosso capitão do Tetra optar por um esquema de jogo que fugia dos padrões históricos do futebol brasileiro. O esquema da moda, o 4-2-3-1, utilizado por grande maioria dos times de futebol do mundo. Com essa formação, o centroavante acaba muito sacrificado, uma vez que os meias externos prescisam ajudar na marcação, do contrário, o adversário pode se aproveitar dos espaços deixados pelos flancos.

Mano Menezes chegou prometendo voltar ás raízes, com coragem disse que o Brasil voltaria a jogar um futebol mais dinâmico, que voltaria a ser protagonista no futebol mundial. Apesar das críticas ferrenhas, da pressão da imprensa clubista, que não aceitava bem um treinador que fez sucesso no Corinthians assumir a Seleção Nacional, Mano fez o que pôde, chamou jogadores pedidos pela massa, endeusados pela mídia, testou inúmeras formações. E nada dava certo, nada parecia funcionar, quando finalmente um esboço de time estava pronto, acabou demitido.

Muricy, aclamado na época da saída de Dunga, disse não. Sendo assim, o melhor nome do momento era mesmo Mano. Se tem currículo pouco vasto no mundo do futebol, por outro lado é culto, formado em Administração e Educação Física, profundo conhecedor desse esporte praticado com os pés. Com a saída do treinador gaúcho, muitos nomes foram falados, até mesmo Pep Guardiola chegou a ser cogitado. A mídia pressionou para que o espanhol fosse ao menos procurado pela CBF. A verdade é que o criticado presidente José Maria Marin nunca pensou seriamente neste caso.

E acabou que a Confederação Brasileira de Futebol optou por trazer de volta Luiz Felipe Scolari. Treinador desatualizado, pragmático, ultrapassado. O leitor pode até se indignar, deve pensar: "Como o cara contesta o campeão Mundial?" Fato é que Felipão foi bastante perspicaz em 2001/2002, afastou jogadores que na época tulmutuavam o ambiente, soube fazer craques se comportarem como se fossem uma verdadeira família. Todos se ajudando, se doando dentro de campo para um bem maior, que era defender o Brasil numa Copa do Mundo.

Felipão soube também encontrar uma forma para resolver um problema crônico da Seleção na época. Os buracos nas costas dos laterais. Cafu e Roberto Carlos sempre foram muito ofensivos, ainda que o lateral-direito não tivesse tanta qualidade técnica, compensava com muito vigor físico e força de vontade. A opção pelo 3-5-2 foi muito contestada. Mas com Edmilson à frente da zaga, às vezes como um falso líbero, os volantes não ficavam sobrecarregados e conseguiam fazer a cobertura como se deve. O maior mérito deste treinador, no entanto, foi mesmo fora de campo.

Hoje, depois de três jogos, Felipão ainda não conseguiu vencer, logo de cara ficou nítido que o problema maior está longe de ser o treinador. Depois da derrota para Inglaterra, empates com Itália e Rússia, fica a sensação que ainda falta muito para que o Brasil volte a ser respeitado. Temido nunca foi, só na cabeça e nos delírios nacionalistas de Galvão Bueno e sua trupe. A grande verdade é que nos falta material humano de qualidade, falta técnica. Sobra velocidade, força física e firula, futebol que é bom, nada! É muito cabelo, muito mimo, muito showbiz e pouca bola na rede.

Foi-se o tempo em que o Brasil tinha um craque por posição, foi-se o tempo em que tinhamos jogadores absolutamente incontestáveis. Como Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos. Se analisarmos com calma, perceberemos que o "país do futebol" não tem nenhum protagonista no futebol europeu como em um passado recente. Qualquer pedalada ou um gol um pouco mais chamativo transforma um pereba em craque. Na ânsia de criar um novo ídolo, um novo Ronaldo, parte da imprensa transforma jogadores comuns em craques.

Neymar, o mais midiático deles é um grande exemplo, mais preocupado com o cabelo ou com a cor da chuteira, some nos jogos grandes da Seleção e até mesmo do Santos. Destruir no fraquíssimo Campeonato Paulista, na limitada Copa do Brasil, na fraca Libertadores e no também fraco Campeonato Brasileiro não pode ser parâmetro. Muitos ufanistas chegaram até mesmo a dizer que Neymar é melhor que Messi e Cristiano Ronaldo, dois jogadores já marcados na história do futebol. A derrota humilhante sofrida pelo Santos na final do Mundial em 2011 foi um choque de realidade para aqueles que estavam longe dela.

Obviamente, Neymar tem potencial de sobra para ser um dos maiores jogadores da história do futebol. No entanto, está muito longe de ser tudo o que a lamentável mídia atual pinta. E não adianta querer tapar o sol com a peneira. A saída para nosso futebol para começo de conversa é deixar essa soberba de lado. É muita marra para pouco futebol. É preciso saber diferenciar habilidade de técnica, são coisas distintas. Técnica é a inteligência, a arte de antever o jogo, saber se posicionar da melhor maneira possivel. Habilidade é vista nos dribles, nas arrancadas, nas fírulas.

Neymídia, apelido merecido pelo jogador do Santos, pode parecer um exagero, mas não é. Para ver a real capacidade desse jogador é necessário vê-lo jogar entre os melhores. Jogar no meio dos verdadeiros World Class, aí sim saberemos se de fato ele é o que a Globo diz que é. Ou você nunca imaginou ver esse mimado enfrentar um Vidić, um Ferdinand, um Hummels ou um Kompany da vida?  A infeliz verdade é que dependemos de jogadores sobrevalorizados, pseudo-craques, "celebridades". Enquanto as pessoas que cuidam do futebol brasileiro não pararem com essa marra idiota, continuaremos a passar vergonha nos campos mundo afora.

A Seleção Brasileira não tem tido dificuldade em posições que no passado eram muito criticadas. No gol estamos bem servidos, Diego Cavalieri, Diego Alves e Júlio César são confiáveis. Na defesa contamos com zagueiros consistentes, com qualidade técnica, força física, boa estatura. Thiago Silva (considerado por muitos o melhor zagueiro do mundo), Dante (membro da atual melhor defesa da Europa), David Luiz (que tem tanta qualidade que vai bem até de volante), Dedé, Rever, Leandro Castán e em um futuro próximo, o Marquinhos.


Nas laterais Daniel Alves e Marcelo são dois dos melhores do mundo, possuem boa técnica. Porém, há anos que o lateral direito joga praticamente de atacante no Barcelona. O lateral esquerdo vai muito bem no apoio, mas deixa muito a desejar na marcação, deixa inúmeros espaços que os adversários aproveitam bem. Hernanes vem jogando o fino da bola na Itália, mas lá, nas duas últimas temporadas ele era o meia, principal articulador da Lazio. Esse ano ele pediu ao treinador bósnio Vladimir Petkovic, para atuar um pouco mais recuado, exatamente para ter mais chances na Seleção.

É triste ver o pessoal endeusando jogadores comuns como Paulinho, Ramires, Lucas, entre muitos outros.
Lucas tem velocidade, bom drible, força, mas vive de cabeça baixa, quer correr com a bola o tempo todo e é pouco inteligente nas decisões com a bola. No São Paulo mesmo, tentou-se por muito tempo escalá-lo como meia, até que Emerson Leão abriu os olhos de todos e mostrou que Lucas deve jogar como meia externo, ou até mesmo um segundo atacante, como meia central as características dele o atrapalham. Algumas esperanças recaíram sobre Kaká, que sempre foi um jogador de característica explosiva, de velocidade e força extrema.

Hoje, sem plenitude física seu "futebol" acabou, uma vez que ele nunca foi um jogador muito técnico, habilidoso ou cerebral. Em seu auge, colocava a bola na frente e não tinha quem conseguisse impedí-lo de chegar ao gol. Amante de futebol como é este que vos escreve, fica duro ver tanta porcaria ser tratada como joia. Oscar talvez seja o único que foge á regra atual dos jogadores adeptos da boleiragem. Não é tão midiático, tem boa técnica, precisa apenas se firmar de vez no Chelsea. Calma lá, longe também de ser um craque, se bem trabalhado pode ser um grande meia e ajudar muito o Brasil.

Enfim, em tempos que as pessoas vivem como ovelhas teleguiadas, alienadas e longe da realidade, pensar com a própria cabeça é praticamente utopia. Concorda? Discorda? Faça valer seu espaço e comente!


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