Após o
fim da União Soviética, fundou-se em 1991 a Federação de Futebol da Ucrânia. O
país que produziu alguns dos jogadores mais talentosos da antiga U.R.S.S,
mostrou que de forma independente também pode chegar longe no esporte. Oleg
Blokhin, atual treinador da seleção, se notabilizou mais pelas declarações
polêmicas do que pelo trabalho em campo. Alguns o criticam, dizendo que a
renovação deveria ser mais profunda. Ela vem sendo feita de forma gradativa,
mas lenta, afinal de contas, quando o grande Andriy Shevchenko se aposentar
será o fim de uma era. O fim de uma geração que sofreu, amadureceu, cresceu
como time e mereceu ter disputado sua primeira Copa do Mundo em 2006, na
Alemanha. Já fora do auge, que foi quatro anos antes, quando os ucranianos
caíram na repescagem justamente contra a Alemanha. No fim, os germânicos,
contra todos os prognósticos e com um dos times mais limitados da história do
país acabou chegando na decisão da Copa Japão/Coreia do Sul 2002.
Aqueles
mais apaixonados por este esporte com certeza vão concordar que Oleg Blokhin e
Igor Belanov foram dois dos maiores jogadores da história do país. Que acabava
não se notabilizando por ser apenas mais um que formava a União Soviética.
Blokhin, deu algumas declarações lamentáveis pouco antes da Copa de
2006. “As crianças deveriam aprender com Shevchenko e não com um
Zumba-Bumba que tiraram da árvore, deram duas bananas e agora joga pelo
Campeonato Ucraniano”. Essas palavras em tom racista e com nacionalismo exacerbado
mostram que ainda existem pessoas que precisam evoluir bastante. Ele quis fazer
uma critica á federação local, pois o campeonato ucraniano tem muitos
estrangeiros. Brasileiros e africanos são maioria por lá, como também há
argentinos, coreanos e atletas de países eslavos ou vizinhos da Ucrânia. Se
hoje a Premier-Liha (nomenclatura atual) ocupa a 9º posição no ranking da UEFA,
muito se deve ao intercâmbio. As experiências trocadas, a mistura de estilos
muito diferentes de jogo, tudo isso influenciou bastante para o crescimento do
futebol ucraniano.
Ficar
atrás de Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França no ranking não é
demérito algum. E a briga sempre é boa com Portugal, Holanda e a vizinha
Rússia. Todos revezando ali entre a 6º e 9º, os portugueses se deram
muito bem na temporada 2010/2011. Quando levaram três clubes até as semifinais
da Liga Europa, computando muitos pontos. Para ucranianos e russos as duas
últimas temporadas não foram tão boas, perto do que aconteceu com Zenit e
Shakhtar Donetsk recentemente. Ambos conquistaram a Liga Europa, e buscam voos
bem mais altos, para eles agora o que interessa é a Champions League. Esta
temporada o Zenit chegou até as quartas, assim como o Shakhtar na temporada
anterior. Só que o time recheado de brasileiros deu o azar de pegar o
Barcelona. Portanto, os investimentos são mais agressivos para brilhar na maior
competição de clubes do mundo. Se pensarmos que existem 53 países filiados à
UEFA, os ucranianos podem comemorar o crescimento ano a ano.
Com a
realização da Eurocopa nos dois países que outrora formavam apenas uma nação, a
tendência é o futebol por lá crescer. Que atraia mais investimentos, visando
sempre o desenvolvimento no esporte mais popular do mundo. A Copa de 2018 na
vizinha Rússia, irá movimentar bastante a região. E para aqueles que amam esse
esporte sem distinções, o crescimento só vai aumentar o prazer de se deliciar
vendo os grandes desses países desfilando pelos gramados europeus. Ao menos
poder ver os colossos de cada país brigando de igual para igual com os gigantes
dos cinco países mais tradicionais neste jogo. E a renovação faz parte do
trabalho para produzir jogadores melhores. Pensando nisso, muitos daqueles que
se destacaram no surpreendente Dinamo de Kiev na temporada 1998/1999 não fazem
mais parte da seleção.Andriy
Husin, Oleh Luzhny, Yuriy Dmytrulin, Oleksandr Holovko, Serhiy Fedorov,
Vladislav Vashchuk, Andriy Nesmachnyi, Dmytro Mikhailenko e Serhiy
Rebrov.
Alguns
desses jogadores saíram pouco antes de 2002, outros se despediram de
forma honrosa na Copa de 2006. Dessa geração, ainda em atividade estão
Shevchenko e o goleirão Oleksandr Shovkovskiy, assim que os dois se aposentarem
fecharão um ciclo que deixará boas lembranças. Daquele Dinamo fica a saudade de
ver a dupla Sheva/Rebrov destruindo as defesas adversárias com jogadas de muita
velocidade, toques rápidos e finalizações precisas. Shovkovskiy, que era o
goleiro daquele time está fora dessa Euro por contusão. A primeira opção seria
Andriy Dikan, que joga no Spartak Moscou e nas últimas três temporadas se
destacou bastante com a camisa do time vermelho. Contundiu-se e não vai se recuperar a tempo. Com isso, Blokhin convocou o
experiente Oleks Goryainov, o jovem Maksym Koval, Oleks Bandura e Andriy
Pyatov. O primeiro tem 36 anos e joga no ascendente Metalist, de Kharkiv, que
se notabilizou no Brasil ao contratar Cleiton Xavier do Palmeiras e Taison do
Internacional.
Como
Koval ainda é muito jovem e Bandura não tem muita experiência na seleção, a
vaga deve cair no colo de Pyatov, que é titular do Shakhtar Donetsk e aos 27
anos está no auge. Bogdan Shust, terceiro goleiro na copa de 2006 nem foi
lembrado. De lá pra cá muitos já foram testados na meta dos
Zhovto-Blakytni (amarelos e azuis), Stanyslav
Bogush, Oleksandr Rybka, Rustam Khudzhadamov tiveram suas chances. Rybka inclusive,
jogou em todas as seleções de base e era cotado para estar na Euro, mas também
está machucado. Apesar de tantos testes, opções variadas, no fim o goleiro
titular acabava sendo mesmo o imortal Shovkovskiy. Pyatov agora tem a chance de
se firmar de vez no gol ucraniano, assim o tarimbado titular pode se aposentar
em paz.
Na defesa
muitos nomes novos: Vitaliy Mandzyuk, Yevhen Selin, Yaroslav Rakitskiy, Evgen
Khacheridi, Bohdan Butko. Mandzyuk é cria do Dinamo Kiev, começou como meia e
se firmou como lateral-direito. Rakitskiy nasceu no Shakhtar Donetsk, é um
ótimo zagueiro e vai bem como lateral-esquerdo. Khacheridi é um grandalhão de
1,97 m que se destacou no pequeno FC Volyn e já está no Dinamo há quatro
temporadas. Selin também pode quebrar um galho na lateral-esquerda, atua mais
como zagueiro. No meio-campo Denys Harmash, Serhiy Yarmolenko e Yevhen
Konoplyanka são os mais talentosos dessa nova geração, os três com 22 anos de
idade. Yarmolenko sabe jogar como referência mas não é incomum vê-lo jogar
pelas pontas, principalmente pela esquerda. Konoplyanka tem características de
meia, vai bem de meia-atacante ou segundo atacante. E Harmash consegue se
destacar no atual Dinamo cheio de estrangeiros.
Andriy
Voronin, Oleh Husyev, Anatoliy Tymoschuk, Ruslan Rotan, Serhiy Nazarenko,
Andriy Vorobey, Oleksyi Bielik e Oleksyi Gai, fizeram parte da geração
que se integrou a de Shevchenko. Juntos chegaram no topo, a maioria deles deve
sair depois da Euro e outros após a Copa de 2014. Algumas ausências sentidas
são dos bons zagueiros Andriy Rusol e Dmytro Chygrynskiy. Titulares muitas
vezes, é surpreendente que estejam fora. Artem Fedetskiy também foi chamado
para vários amistosos de preparação e também está fora. O atacante Roman Bezus,
de apenas 21 anos foi convocado algumas vezes, uma clara opção para o futuro. A
responsabilidade maior nessa Euro estará nos pés de Shevchenko e Tymoshchuk,
ambos com mais de 100 jogos pela seleção.
Mas eles
terão a ajuda de Olexandr Aliyev, ótimo meia do Dinamo de Kiev e do atacante
Yevhen Seleznyov, artilheiro das duas últimas edições da Premier Liha. Marcou
17 gols com a camisa do Dnipro Dnipropetrovsk, retornou ao Shakhtar, onde foi
revelado e jogou a maior parte da carreira e dessa vez marcou 14 gols. Foram 31
gols, desbancando o brasileiro Luiz Adriano e mostrando que tem qualidade.
Existem ainda bons valores, Taras Mykhalik, hoje zagueiro, e Taras Stepanenko
que conseguiu espaço no Shakhtar globalizado. O sérvio Marko Dević (Devich em
ucraniano) vem sendo convocado com frequência, depois de se destacar na
ascensão do Metalist. Denys Oliynyk meia que se destacou bastante ao lado
de Devich se transferiu para o Dnipro e não conseguiu repetir as boas
atuações.
Vasyl
Kobin é outro que costumeiramente é visto com a camisa da seleção e não teve
seu nome nem na lista prévia para a Eurocopa. Com certeza Kobin e Oliynik
estarão entre os convocados nos próximos anos. Passar da primeira fase não será
fácil, num grupo com Inglaterra, França e Suécia a missão é difícil. Mas como
já foi dito por este que vos escreve, a Inglaterra sempre decepciona e a França
está numa época ruim, passando por renovação. Se classificou para a Copa de
2010 na repescagem e com um gol polêmico, o mesmo vale para a Euro, os
franceses sofreram bastante contra a Bósnia, por pouco não ficaram fora, se
classificaram em outro erro grotesco da arbitragem. Contra a Suécia as forças
se equivalem, Zlatan Ibrahimovic é o craque que se estiver bem, despertará
preocupação.
Em casa o
sentimento deve aflorar e a Ucrânia deve jogar com uma raça descomunal, quantas
vezes já vimos surpresas? A ansiedade só aumenta a cada dia que passa!
Shevchenko merece uma despedida em alto nível! Vai Ucrânia!!!
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