Pela segunda vez na história a Polônia disputará a
Eurocopa, a primeira vez foi em 2008, quando não passou da primeira fase. Em um
grupo que ainda contava com Áustria, Alemanha e Croácia. Os comandados de Franciszek Smuda estão longe do que foi a seleção das
Águias Brancas nos anos 70 e começo dos anos 80. O país não fabrica mais jogadores do nível de Grzegorz Lato, Zbigniew
Boniek e Władysław Żmuda. Jogadores estes que ao lado de Kazimierz Deyna e Andrzej Szarmach formaram a chamada “Era de Ouro” da seleção polaca.
Alguns destes
grandes jogadores citados estão entre os dez maiores artilheiros da história da
seleção polaca. Lato é o segundo, Deyna o terceiro, Szarmach o quinto, Boniek o
sétimo. Todos perdem para o respeitadíssimo Włodzimierz Lubański, que marcou 48
gols pela seleção, era o líder e maior destaque da equipe que levou o ouro nas
Olimpíadas de Munique, em 1972. Lubański inclusive foi uma perda muito sentida
para a Copa de 74, disputada na Alemanha. Os torcedores mais fanáticos até hoje
lamentam e imaginam que poderiam conseguir mais do que o terceiro lugar inédito.
Em 1976 os
poloneses foram prata nas Olimpíadas de Montreal, no Canadá. Em 1978, ainda com
Jan Tomaszewski fechando a meta, conseguiram a
quinta posição na polêmica Copa na Argentina. Na Copa de 1982, disputada na Espanha e de péssima lembrança
para os brasileiros, se repetiu o que ocorreu em 1974, mais uma vez o país conseguiu
estar entre os maiores do futebol, ficando atrás apenas de Itália e da
República Federal Alemã. Neste ano acabou a melhor fase que esta seleção já
teve.
O último
brilhareco polonês aconteceu em 1992, nas Olimpíadas de Barcelona, na Espanha.
Mais uma vez, conseguiram a medalha de prata, com Piotr Świerczewski, Andrzej Juskowiak e Wojciech Kowalczyk como destaques do time. Que
ainda tinha o zagueiro Tomasz Wałdoch, que por mais de dez anos foi uma das principais
figuras da defesa polaca. Mas do outro lado tinha a seleção anfitriã, com
Santiago Cañizares, Albert Ferrer, José Amavisca, Luis Enrique, Pep Guardiola,
Kiko e Alfonso Pérez. Jogando em casa e com um pouco mais de talento a Fúria
levou o título com um apertado 3 a 2.
Os anos que se
seguiram foram de muito ostracismo nesse esporte popular num país tão
sofrido. Foram 12 anos longe dos holofotes de uma Copa do Mundo. Até que em
2002 conseguiu voltar a ter o destaque mínimo de ao menos participar. No
entanto, o 23º lugar na Copa Japão-Coreia do Sul e o 21º em 2006 na Alemanha,
não anima ninguém. Quando o holandês Leo Beenhakker assumiu, modificou bastante
a forma de o time jogar. Inclusive convocou o brasileiro Roger Guerreiro para a
Euro 2008. Roger que passou por Corinthians e Flamengo no Brasil é um canhoto
que pode jogar como meia ou lateral-esquerdo.
Mas a última
posição do grupo no europeu de 2008 e a não classificação para a Copa de 2010
evidenciou que uma renovação era necessária. E essa tarefa vem sendo bem feita
por Smuda, que como jogador foi modesto, mas como treinador sabe da história de
seu país e tenta voltar às origens. Figurinhas bem conhecidas da torcida não estão
mais presentes no time. Como os goleiros Artur Boruc e seu reserva Tomasz
Kuszczak, os irmãos Michał e Marcin Żewłakow, os meio-campistas Kamil Kosowski, Mariusz Lewandowski e Jacek Krzynówek também não
são mais chamados pelo treinador.
Euzebiusz “Eby”
Smolarek vinha sendo um dos destaques da
seleção nesses tempos inglórios. Diferente de seu pai, Włodzimierz Smolarek, que era o
camisa 11 daquele time que ainda impunha respeito em 1982. Mas aos 31 anos, Eby
não vem sendo convocado por Smuda. O atacante Paweł Brożek continua sendo
convocado, ao contrário de seu irmão gêmeo, Piotr, que mesmo com sua
versatilidade vem sendo preterido por outros jogadores. Ireneusz Jeleń, atacante
bastante convocado nos últimos anos também é carta fora do baralho.
Hoje os três
goleiros do país jogam em clubes importantes do futebol mundial. Wojciech
Szczęsny, aos 22 anos, é titular do Arsenal e da Polônia, Lukasz
Fabianski é seu reserva no clube inglês e na seleção. Lukasz teve suas chances,
mas nunca conseguiu se firmar. Przemysław Tytoń vem sendo a terceira opção, há muitos
anos na Holanda, hoje é um dos goleiros do PSV, um dos maiores clubes do país. A
defesa atualmente é composta por muitos jogadores rodados e com bastante
experiência. Aos poucos Smuda vai colocando jovens como os zagueiros Kamil Glik e Marcin Kamiński e os meias Maciej Rybus e Rafal Wolski, todos abaixo dos 24 anos.
Um fato vem chamando atenção, alguns
jogadores com descendência polonesa estão optando por defender a seleção branca
e vermelha. Podemos considerar um fator positivo, pois nos últimos anos a
Polônia acabou perdendo jogadores importantes para a seleção alemã. Lukas Podolski, Miroslav Klose, Piotr Trochowski nasceram na Polônia, mas cresceram e
se desenvolveram para o futebol na Alemanha e optaram por defender aquele país.
Ao contrário dos franceses Damien Perquis e Ludovic Obraniak, que optaram pelo país que
descendem.
O lateral-esquerdo Sebastian Boenisch e os meio-campistas Eugen Polanski e Adam
Matuszczyk têm histórias
parecidas com a de jogadores citados acima. Os três nasceram na Polônia,
cresceram na Alemanha, mas optaram por defender o país natal. Esses são bons
exemplos de que estão tentando resgatar o orgulho de defender essa pátria.
Ainda dentro da renovação proposta, se destacam jogadores ofensivos. Adrian Mierzejewski, Kamil Grosicki, Michal Kucharczyk e Artur Sobiech. Desses o mais velho é o habilidoso
meia canhoto Mierzejewski, que aos 25 anos tem tido mais chances. Os outros estão entre 23 e 21
anos.
Por fim, o trio bicampeão alemão com o
Borussia Dortmund merece destaque, principalmente o atacante Robert Lewandowski,
que hoje pode ser apontado como o maior talento do país. Ao lado do artilheiro, Jakub “Kuba” Błaszczykowski e Łukasz Piszczek foram importantes. Kuba não é
titular, mas é uma espécie de coringa do treinador Jurgen Klopp, versátil,
consegue jogar em todas as posições do meio-campo. Piszczek também tem como qualidade principal a
versatilidade, começou sua carreira como atacante no Zaglebie Lubin. Assim continuou quando chegou à
Alemanha para defender o Hertha Berlim.
No Borussia Dortmund passou a jogar no
meio, mas acabou se firmando na lateral-direita do time alemão. Com isso, se mostrou uma boa opção na seleção e provavelmente deve ser o titular
na Euro pelo lado direito da defesa. Para desespero de Dariusz Dudka que ultimamente monopolizava aquela região do gramado. Se Kuba, Piszczek e Lewandowski estão muito longe do que foram
Boniek, Lato e Lubański, ao menos lutam
e dão o sangue para que sua nação volte a ocupar os primeiros lugares neste
esporte tão emocionante. E jogando em casa, essa é uma grande chance de
resgatar muito do que foi perdido nos últimos 30 anos. Tomara que consiga chegar
longe, o povo polaco agradece e merece!
* Lukasz Fabianski acabou cortado por lesão e Smuda convocou Grzegorz Sandomierski, que não se deu bem no RKC Genk da Bélgica e hoje joga no Jagiellonia Białystok. O ótimo Artur Boruc ficou fora da relação.
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