segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Islândia - Futebol que Evolui

História

O país nórdico está situado no oceano Atlântico Norte, tem 103.000 quilômetros quadrados e 319.575 habitantes. Nação pequena, um pouco maior que Uberaba, cidade onde reside este que vos escreve. Sua maior cidade e capital é Reykjavík (Reiquiavique, em português), com 120.000 habitantes. A Islândia também é um país bastante conhecido por sua atividade vulcânica, o que afeta e muito sua paisagem. Campos de areia, montanhas e geleiras costumam ser cenário de filmes e séries pelo mundo, que aproveitam a beleza do país.


A Islândia possui uma economia de livre mercado, com baixos impostos em comparação a outros países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que tem 34 membros. O país possui uma sociedade desenvolvida e tecnologicamente avançada, baseada na cultura dos países nórdicos. Para que você tenha uma idéia, caro leitor, a Islândia foi classificada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o terceiro país mais desenvolvido do mundo.



Colonizados por noruegueses e dinamarqueses no passado, os islandeses se orgulham pela prática de preservação da língua. Por que o islandês descende da língua nórdica antiga, que por sua vez, faz parte das línguas germânicas. Com isso o islandês atual é uma língua única, caracterizada com uniformidade, ou seja, sem dialetos. Mesmo com esse esforço, línguas estrangeiras são bem valorizadas no país. Inglês e dinamarquês são idiomas obrigatórios na maioria das escolas, norueguês, sueco e francês também são habitualmente estudados por lá.


Desenvolvimento Futebolístico

Antes que o leitor pense que isso é uma aula de história e não um texto sobre futebol, vamos ao que interessa. O futebol é o esporte mais popular da Terra de Gelo, handebol e golfe são as outras preferências dos nativos. O recente crescimento do futebol feminino e o sucesso da seleção masculina evidenciam como o povo islandês ama esse esporte. Hoje a Islândia estaria classificada para a repescagem das eliminatórias européias, ainda que garantir presença aqui no Brasil seja uma missão inglória, essa boa campanha merece ser exaltada e comemorada.

Curiosamente, a maioria gigantesca dos times islandeses são conhecidos por siglas, uma vez que os nomes são muito complicados, até mesmo para eles. O maior time do país é o Knattspyrnufélags Reykjavíkur (popular KR), atual campeão nacional, possui 39 títulos oficiais, 26 ligas e 13 copas da Islândia. O segundo maior é o Ídróttabandalag Akraness (ÍA), que lamentavelmente acabou rebaixado da Pepsi-Deildin 2013. Esse não é o primeiro rebaixamento da equipe, que conquistou a Série B local em 2011. Os 28 títulos nacionais, sendo 18 ligas e nove copas, mostram como o futebol é espetacular, já que Akranes é apenas a nona maior cidade do país, com apenas 6.630 habitantes.

O terceiro maior clube do país é o Knattspyrnufélagid Fram, que tem 26 títulos oficiais, 18 ligas e nove copas. Assim como o KR, Fram, Valur e Fylkir são da capital, ou seja, quatro times entre os 12 que disputam a divisão principal. Fimleikafélag Hafnarfjördur (FH), Ungmennafelag Breiðablik Kópavogur (Breidablik) e Íþrótta- og ungmennafélag Keflavíkur (Keflavík) são os times tradicionais. Quando os gigantes estão mal das pernas, os títulos costumam ficar divididos entres os três. O Breidablik é de Kópavogur, segunda maior cidade do país. O FH é de Hafnarfjördur, terceira maior. Enquanto o Kefavlík é de Reykjanesbaer, quinta maior.

Organização

Como não podia ser diferente, o futebol por lá é extremamente organizado. Segunda e terceira divisões também possuem 12 clubes, a quarta divisão tem 10 e a quinta divisão tem 24 clubes, que são divididos em três grupos de oito equipes. A CBF podia se inspirar nos dirigentes islandeses para organizarem melhor nosso calendário. Toda essa organização só podia refletir no surgimento de bons jogadores, com investimentos nas categorias de base que só favorecem o desenvolvimento da seleção nacional e do futebol em si. Por isso o êxodo dos jogadores islandeses em ligas estrangeiras tem sido satisfatório. Principalmente na Holanda, onde brilham alguns de seus principais jogadores.

Pé de Obra Islandês

Mas não só nos Países Baixos os jogadores nórdicos saídos da 18º maior ilha do mundo fazem sucesso. Existem inúmeros jogadores no futebol inglês e no alemão, seja nas divisões principais ou nas inferiores. O atual artilheiro da Eredivisie (primeira divisão holandesa) é Alfred Finnbogason (foto), do Heerenveen, clube que adora buscar bons jogadores no futebol escandinavo/nórdico. O camisa nove do Ajax é Kolbeinn Sigthórsson (foto abaixo), que chamou atenção do maior clube da Holanda após fazer 15 gols com a camisa do AZ Alkmaar. Em sua primeira temporada ficou devendo, para quem entrou para história ao fazer cinco gols numa mesma partida se esperava mais do que os sete gols anotados por ele.

Na atual temporada já fez cinco gols, ao que tudo indica, deve superar a marca de sua temporada de estréia. Aron Jóhannsson, do AZ, também fez cinco, só que ele é americano. Descendente de islandeses, começou sua carreira no UF Fjölnir, clube de Reykjavík que hoje se encontra na segunda divisão. Aron defendeu a seleção americana nas atuais eliminatórias da CONCACAF. O NEC, lanterna da Eredivisie, tem três islandeses no elenco. Um deles é titular absoluto, Victor Pálsson, que também começou no Fjölnir. Ele será fundamental na luta do tradicional clube holandês para se manter na primeira divisão. Os outros dois são apostas, ambos estão com 18 anos e se destacaram no Europeu Sub-17 com a seleção. O zagueiro Adam Arnarson, cria do Breidablik e o atacante Dadi Bergsson, cria do Thróttur, que também está na segundona islandesa.

O PSV tem o zagueiro Hjörtur Hermannsson, revelado pelo Fylkir, mais um que foi bem no Sub-17. Depois do sucesso que fez ao lado de Sigthórsson no AZ, Jóhann Gudmundsson continua no time de Alkmaar, onde é importante vestindo a camisa sete. Apesar do sucesso desses jogadores e de algumas apostas na Holanda, o principal jogador islandês hoje atua na Inglaterra. Gylfi Sigurdsson (foto) se encaixou perfeitamente jogando pela esquerda no equilibrado 4-2-3-1 armado por André Villas-Boas no Tottenham. Outro islandês que se destaca na Premier League é o meia Aron Gunnarsson, titular absoluto do Cardiff City e da seleção. Naturalmente, uma grande parte dos jogadores islandeses jogam na Escandinávia, espalhados por Noruega, Dinamarca e Suécia.

Por muito tempo Grétar Steinsson e Sölvi Ottesen (foto) eram os pilares da defesa azul e vermelha. Apesar de ainda serem confiáveis e extremamente importantes entre os convocados, não são mais titulares indiscutíveis. Aos 31 anos, Steinsson resolveu aceitar o convite do Kayserispor, do endinheirado futebol turco. Isso depois de fazer sucesso nas ligas suíça, holandesa e inglesa. Ottesen tem 29, revelado pelo Víkingur, aceitou o desafio de jogar pelo FC Ural, recém promovido a primeira divisão russa. A meta do clube é conseguir manter-se na Premier Liga local. E todos sabem que os russos pagam bem e em dia, o que seduz jogadores importantes. Ottesen foi titular do København (Copenhagem) na maior parte dos três anos em que defendeu o segundo maior time da Dinamarca. Ele que também passou pelo Djurgarden, da Suécia.

Atualmente os habituais titulares são Ragnar Sigurdsson (foto) e Birkir Saevarsson, ambos atuam no futebol escandinavo. O primeiro justamente no Copenhagem e o segundo no Brann, da Noruega. Ter várias opções na defesa é muito bom, uma vez que Hermann Hreidarsson, que aos 39 anos ainda joga em bom nível pelo ÍBV, de sua terra natal, aposentou-se da seleção, por mais que alguns torcedores ainda peçam sua presença. Depois de anos na reserva, o veterano goleirão Vignir Gunnleifsson foi preterido por Hannes Halldórsson, que tem apenas 26 anos e joga no KR. Ögmundur Kristinsson e principalmente Haraldur Björnsson são vistos como bons nomes para o futuro no gol do pequeno país nórdico.


No meio existem algumas varias opções interessantes, Rurík Gíslason, Emil Hallfredsson (foto), Birkir Bjarnason, Kári Árnason (sueco de nascimento) Eggert Jónsson e Helgi Daniélsson (também sueco).Gíslason é titular do Copenhagem, Hallfredsson já rodou por Suécia, Noruega, Inglaterra e Itália, país onde está agora a serviço do Hellas Verona. Jónsson e Daniélsson jogam juntos no Belenenses, de Portugal. Bjarnason joga na Sampdoria, para onde foi depois de ser rebaixado com o Pescara. Árnason curiosamente joga no Rotherham, da terceira divisão inglesa. No ataque existem outras opções além dos já citados. Lagerbäck não abre mão de contar com os serviços de Arnar Smárason, Gudjón Baldvinsson e Gunnar Thorvaldsson.





O primeiro já jogou na Holanda, onde hoje Finnbogason brilha, agora forma uma boa dupla de ataque com o brasileiro Álvaro, no Helsingborgs, da Suécia. O segundo é o matador do Halmstads, que briga contra o rebaixamento na Allsvanskan, primeira divisão sueca. Thorvaldsson estava com nove gols pelo tradicional IFK Norrköping, também do país que veste amarelo e azul. Ele optou pelo futebol turco, resolveu encher o bolso de grana jogando pelo Konyaspor. Thorvaldsson (foto) é o mais experiente do jovem ataque islandês, é o cara que entra quando a coisa está feia. Uma vez que o matador Heidar Helguson também se aposentou da seleção. Ele que é ídolo do Watford-ING, onde marcou 55 gols em 174 jogos. Por seu país ele balançou as redes 15 vezes.

O Chefe

O treinador da seleção islandesa é Lars Lagerbäck, que treinou a seleção sueca durante impressionantes dez anos. Mais impressionante ainda é que ele trabalhou com a seleção Sub-21 sueca por seis anos, depois de dois anos como auxiliar da seleção principal, assumiu o cargo, que só deixou em 2010 para tentar uma boa campanha na Copa de 2010 com a Nigéria. Desde 2012 é o responsável por esse ótimo trabalho com a Islândia. Os 18 anos a serviço do futebol sueco lhe valeram grandes experiências para ser o grande treinador que é.

Missão

Vencer a Noruega na última rodada das eliminatórias europeias e garantir a vaga na repescagem. O jogo ganhou ares decisivos porque apenas os oito melhores segundos colocados dos nove grupos se classificam para ainda lutarem pelo Mundial. A Noruega já está eliminada de qualquer possibilidade de classificação, mas existe uma rivalidade óbvia entre os países, o que pode causar alguma dificuldade a mais. A Islândia está com 16 pontos, contra 15 da Eslovênia no Grupo E, liderado pela Suíça, com vaga já garantida na Copa do Brasil no próximo ano. Os suíços serão adversários da Eslovênia, mesmo já classificados, dificilmente serão batidos por um dos países que formavam a antiga Iugoslávia.

Porém, quem conseguir se garantir na segunda posição dificilmente ficará fora da repescagem. Uma vez queBulgária e Dinamarca estão empatadas com 13 pontos no grupo B, que já tem a Itália classificada. Só podem chegar aos mesmos 16 que a Islândia já tem, podendo chegar a 19. República Tcheca e Armênia estão com 12 e possuem chances remotas. Então muito provavelmente o único grupo que não terá times na repescagem será o B. A Islândia começou muito bem as eliminatórias, fez 2 a 0 na Noruega, que está longe do nível que ostentava em 1998, quando derrotou o Brasil com méritos. Mas logo após tomou um balde de água fria ao perder para o Chipre pelo placar mínimo.

Recuperaram-se e venceram a Albânia fora de casa, para depois perder em casa para a Suíça, o que já era esperado. Depois venceram a Eslovênia fora por 2 a 1 e levaram de 4 a 2 da mesma em casa, o que foi um desastre, pior até que a derrota para o Chipre. Depois disso veio o incrível jogo contra a Suíça, fora de casa, quando empataram por 4 a 4 com direito a gol nos acréscimos. Gudmundsson (foto) e Sigthórsson reviveram os bons tempos de AZ e fizeram os gols, com destaque para ‘Gud’, que fez um hat-trick inesquecível, com gol salvador e tudo. Esse grande resultado deu moral, o time se encheu de confiança e se vingou fácil do Chipre, Sigurdsson e Sigthórsson marcaram na vitória por 2 a 0. Depois de ter vencido novamente a Albânia por 2 a 1, com gols de Bjarnason e Sigthórsson.
O Craque

Eidur Gudjohnsen é com certeza um dos maiores jogadores da história da Islândia, filho do ex-jogador Arnor Gudjohnsen, que brilhou no futebol belga nos anos 80. Um fato curioso é que pai e filho poderiam ter entrado para a história jogando juntos. Mas o pai em fim de carreira saiu para a entrada do filho que iniciava a carreira. Ainda que não seja um craque na concepção da palavra, Eidur é um jogador versátil, com boa qualidade técnica e bom posicionamento. Ainda que a forma xenofóbica que algumas pessoas têm de olhar o futebol faça muitos desdenharem de seu futebol simplesmente por ele ser islandês.

Não é possível que um cara que jogou em times gigantes como PSV, Chelsea, Tottenham, Barcelona, Mônaco e AEK não tenha qualidade. Hoje, aos 35 anos, Gudjohnsen joga no Club Brugge, um dos maiores times da Bélgica. Reencontrou seu bom futebol por lá, depois de algumas temporadas em má fase. Revelado pelo Valur, ainda jogou em times como KR, Fulham, Stoke City, Bolton, Seattle Sounders e Cercle Brugge. Não vinha sendo convocado para as eliminatórias, passou a ter importância agora no fim. Foi titular no último jogo, utilizando toda a experiência que adquiriu no mundo do futebol.


Sonho

Disputar uma Copa com certeza é um sonho vivo em sua mente, apesar de sabermos que numa repescagem que terá França, Portugal, Croácia, Suécia. E poderá ter Grécia, Ucrânia, Turquia ou Romênia, as chances são mínimas. Mas futebol é empolgante justamente por enterrar nossas convicções. Independente do que aconteça, fato é que para um país tão pequeno, o que conseguiram até aqui já foi formidável. Resta a Gudjohnsen motivar seus filhos para dar em seguimento a evolução do futebol da Terra de Gelo. Sveinn e Andri Gudjohnsen jogam no Barcelona, o primeiro tem 15 anos e o segundo tem apenas 11. Se puxarem o pai podem ser jogadores importantes no futuro.

 É caro leitor, por trás de uma pequena nação existem muitas histórias a contar, principalmente quando o futebol está envolvido!

3 comentários:

  1. Como apaixonado pelo futebol islandês, adorei a matéria. Parabéns Philippe Dutra !

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  2. Adoro o futibol islandes meu sonho e joga por la quem sebe eu posa construir minha careira por la quem sabe voc pode min ajudar

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