quarta-feira, 18 de julho de 2012

Torneio Olímpico de Futebol Masculino - Grupo A - Senegal




O futebol africano tem tradição em Olimpíadas, os ouros conquistados por Nigéria (1996) e Camarões (2000) evidenciam isso. Porém, o Senegal é estreante no Torneio Olímpico, para conseguir a vaga sofreu e a conseguiu na repescagem mundial. Após vencer seu grupo no Campeonato Africano Sub-23, perdeu para o Gabão nas semifinais, viu sua vaga direta escorrer pelas mãos ao perder a decisão do terceiro lugar para o Egito, derrota de 2 x 0. A repescagem foi disputada contra o representante da Ásia, no caso a seleção de Omã. O jogo foi disputado na Inglaterra, em Coventry, Ibrahima Baldé e Abdoulaye Sané fizeram os gols da vitória por 2 a 0 que garantiu o país da África Ocidental em Londres.


Os senegaleses caíram em um grupo difícil, enfrentar a Grã-Bretanha em casa e um dos favoritos ao título como Uruguai não será tarefa fácil. Sem poder contar com seus dois principais expoentes do futebol, o Senegal aposta em um grupo com jogadores desconhecidos do grande público. Bem diferente da moral que Demba Ba e Papiss Cissé costumam ter na Inglaterra. Ambos estão com 27 anos e não foram liberados pelo Newcastle. Ba, nasceu na França, mais precisamente em Sèvres, mas acabou optando por defender o país de onde                          descende. Depois de passar por pequenos clubes franceses e pelo inglês Watford, ganhou notoriedade com a camisa do ascendente Hoffenheim, da Alemanha. De lá rumou para o West Ham United, tradicional clube inglês.


Apesar do rebaixamento com os Hammers, individualmente chamou atenção dos Magpies, sua transferência que no começo gerou desconfiança, hoje se mostra acertada. Pergunte a algum torcedor do Newcastle o que ele pensa sobre Ba. A trajetória de Cissé foi diferente, revelado pelo pequeno e tradicional Metz, da França, ficou por lá durante seis longas temporadas, nesse meio tempo esteve emprestado ao Châteauroux, clube que há anos tem conseguido se manter da segunda divisão francesa, a Ligue 2. Foi com a camisa do SC Freiburg, modesto time alemão, que Cissé chegou ao seu ápice. Na temporada 2010/2011 foi o vice artilheiro da Bundesliga, perdendo a primeira posição para Mario Gómez, que jogando no Bayern cheio de estrelas ao seu lado marcou 28 gols, quatro a mais que o senegalês. Dos 24 gols que marcou, sete foram gols que deram a vitória ao Freiburg, números respeitáveis. 

Em 2011/2012, Cissé se mantinha como o principal destaque do time, estava com nove gols, quando na metade da temporada se transferiu para o Newcastle. Curiosamente, quem vinha apavorando pelo time inglês era Demba Ba, que na primeira metade da temporada marcou 16 gols. Após o fracasso retumbante na Copa Africana de Nações, passou por uma seca de gols. Diferente de seu companheiro de ataque na seleção e no clube. Em seus primeiros seis meses no futebol  inglês, Cissé marcou 13 gols, com uma média de 0.93/jogo. Desses 13 gols, cinco definiram a vitória para o Newcastle, demonstrando a estrela do matador. O treinador Abdoulkarim Diouf assumiu a seleção Sub-23 após a demissão de Abdoulaye Sarr, que fazia parte da comissão técnica da seleção principal e acabou demitido depois da decepcionante campanha no continental. 

Diouf chegou a afirmar: “Contaremos com uma boa mescla entre atletas que atuam no país e no exterior”.  Preferiu manter um discurso otimista, sem lamentar os inúmeros jogadores não liberados pelo clubes europeus. Joseph Koto assumiu a seleção principal depois da saída de Amara Traoré, ex-atacante que esteve no elenco senegalês na Copa de 2002, mas em fim de carreira jogou pouco. Traoré foi extremamente criticado pelo desempenho pífio com uma seleção cheia de  fartura ofensiva. Um dos críticos mais ferozes é El Hadji Diouf, principal atacante do time que encantou em 2002. São tantos bons nomes que o treinador levou oito atacantes para a disputa da CAN, esquecendo-se de arrumar a cozinha lá atrás. O lamentável fracasso ficou feio para o Senegal, que conseguiu ficar em último no grupo A, que tinha Zâmbia, Guiné-Equatorial e Líbia. Menos mal que a Zâmbia mostrou que a primeira colocação não foi acaso, pois no fim o país dos irmãos Katongo sagrou-se campeão. Guiné-Equatorial em casa, jogou com uma gana de tirar o chapéu. A Líbia mesmo em meia à crise que culminou com a morte do ditador Muamar Kadafi, conseguiu se superar, mesmo sem muitos jogadores, que acabaram fora por medo, compreensível.


Moussa Sow, Mamadou Niang, Souleymane Camara (remanescente de 2002), Mame N'Doye, Issiar Diá, Papiss Cissé, Demba Ba e Pape N'Diaye não conseguiram ser nem ao menos coadjuvantes. Uma decepção para uma geração qualificada. Realmente, Amara Traoré mereceu todas as críticas e saiu tarde. Ele que ainda se deu ao luxo de deixar nomes como Mame Biram Diouf (jogador do Manchester United), Khouma Babacar e Papa Babá de fora. Os três com certeza terão mais espaço na seleção futuramente, porque Mamadou Niang já está com 32 anos, Soley Camara já se aproxima dos 30 e Pape N'Diaye faz sucesso no futebol da África Árabe, em países como Argélia, Marrocos e Egito, dificilmente deve ser firmar. Mame Diouf não se sonsolidou no United mas demonstra qualidades suficientes para defender seu país. Babacar surgiu bem na Fiorentina, apesar de ter apenas 19 anos, chama atenção pelo poderio físico, com seus 1,91 m é uma boa referência. Recentemente esteve emprestado ao Racing Santander da Espanha, que brigava contra o rebaixamento. 


Não foi possível evitar a queda do simpático clube de Santander, depois disso retornou para a Fiorentina e já foi emprestado para o Padova. Clube da Série B italiana que pretende crescer de patamar. Babá chamou atenção do Sevilla após se destacar no futebol português, principalmente nas duas últimas temporadas. Marcou 21 gols com a camisa do Marítimo, que cá entre nós, não é nenhum Benfica, o que aumenta o status do feito do atacante. Do time que vai representar o país em Londres, Dame N'Doye é o mais conhecido, é ídolo da torcida do FC København, da Dinamarca. Outro que o torcedor conhece bem é o francês Mohamed Diamé, atleta que se destacou no Wigan Athletic, clube pequeno que vem conseguindo se manter na Premier League com honras. Nascido em Créteil, decidiu defender o país de seu pai, recentemente transferiu-se para o West Ham, que felizmente está de volta a Premie League.

Ibrahima Baldé conseguiu relativo destaque no Osasuna, da Espanha, recentemente trocou o clube espanhol pelo Kuban. Clube que terminou na oitava posição da última temporada na Rússia e perdeu recentemente seus principais atacantes. O possante marfinense Lacina Traoré foi negociado com o FC Anzhi Makhachkala por cerca de 18 milhões de euros. O gigante de 2,03 m havia feito 18 gols pelo time de Krasnodar, feito que lhe rendeu a terceira posição na tábua de artilheiros. Perdendo apenas para seu compatriota Seydou Doumbia e Aleksandr Kerzhakov, que marcaram 28 e 23 gols, respectivamente. Sergey Davidov rumou para o Rubin Kazan, com parte da venda dos dois, o Kuban conseguiu um importante reforço. Moussa Konaté tem apenas 19 anos e já ganhou o respeito da torcida do Maccabi Tel Aviv, um dos clubes mais populares de Israel. Abdoulaye Sané, vai para sua segunda temporada no Rennes, da França, autor de um dos gols que garantiram a vaga em Londres acabou fora da lista final, ele que também tem 19 anos, figura na lista de espera.


No meio-campo Cheikhou Kouyaté é outro que merece menção, o volante de 1,92 m já foi comparado a Patrick Vieira, que para quem não sabe, foi ídolo na seleção francesa mas nasceu no Senegal. Ele defende o Anderlecht, da Bélgica, ganhou ainda mais moral com a torcida dos Mauves quando afirmou que jamais seria um Rouche. Negando assim, sua especulada transferência para o Standard de Liège, um dos maiores rivais do Anderlecht e popularmente chamado de Les Rouches (Os Vermelhos) por sua torcida. Na defesa, Papa Gueye é titular absoluto, figura entre os maiores de 23 anos. Há oito temporadas na Ucrânia, já está há seis consolidado no Metalist, clube ucraniano que a cada ano se desenvolve mais. 

Quem deve formar a defesa ao seu lado a Abdoulaye Ba, o gigante de 1,97 m pertence ao Porto há sete temporadas. Na última, esteve emprestado ao Acadêmica de Coimbra, ele costuma se irritar facilmente, não por acaso foi o jogador que mais foi expulso na Ligra Sagres, quatro cartões vermelhos. Melhor não provocar, levar um tapa na orelha desse cara não deve ser agradável. Ba, disse ao site da Fifa: “Participar dos Jogos Olímpicos será excelente, já que o caminho até Londres foi muito longo”. O esquentadinho tem um irmão que também joga no futebol português, Mamadou Ba é goleiro. Longe do status de seu irmão, o atleta de 1,98 m joga no modesto Oliveirense, da segunda divisão. 


Como não podia ser diferente, a maioria dos jogadores senegaleses atuam na França, o idioma facilita. Mas o que sê vê hoje são muitos africanos, principalmente senegaleses, jogando na Escandinávia, ou em outros países nórdicos como Islândia ou até mesmo Ilhas Faroé. É na Noruega que eles são mais respeitados, inclusive foi de lá que Mame Diouf saiu quando foi para o Manchester United. O assistente técnico Aliou Cissé afirmou: “Estamos trabalhando duro para melhorar a equipe. Além dos aspectos técnicos e táticos, o mais importante, que precisa estar 100% se queremos ir bem na Olimpíada, é o fator psicológico e a capacidade de manter a concentração”. Para quem não se recorda, Aliou era capitão do Senegal na Copa de 2002.


Confira a lista completa: 


Goleiros


1-Ousmane Mane
18-Papa Camara
22-Issa N'Diaye*

Defensores

2-Saliou Ciss
3-Victor Bindia
4-Abdoulaye Ba
5-Papa Gueye
6-Zargo Touré
9-Kara M'Bodji
16-Pape Souaré

Meio-Campistas

8-Cheikhou Kouyaté
10-Sadio Mané
13-Mohamed Diamé
14-Idrissa Gueye
17-Stéphene Badji
19-Ibrahima Seck*
20-Abdoulaye Sané*

Atacantes

7-Moussa Konaté
11-Dame N'Doye
12-Ibrahima Baldé
15-Magaye Gueye
21-Kalidou Yero*

*Lista de espera

Atualização: Dame N'Doye acaba de se transferir do FC København, da Dinamarca, para o Lokomotiv, da Rússia. E de última hora acabou não liberado pelo clube russo, assim Kalidou Yero herdou a camisa onze que seria de N'Doye. 

Do que será que esse time do Senegal é capaz? A resposta começa a ser dada no dia 26/07, quando enfrentam os donos da casa. Qual é seu palpite?




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