domingo, 8 de julho de 2012

Futebol Chinês


Os amigos leitores com certeza estão atentos ao que acontece no mundo da bola, portanto, devem estar curiosos para saber mais sobre a Super Liga chinesa. Criada em 2004, a competição nacional foi disputada pela primeira vez com 14 clubes. Em 2005 esse número se repetiu, assim como aconteceu em 2006, no ano de 2007 esse número aumentou e 15 equipes participaram. De 2008 em diante o campeonato se consolidou com 16 equipes e uma segunda divisão mais organizada foi criada. Só de 20 anos para cá que os chineses se interessaram e passaram a levar esse esporte mais a sério, por mais que não seja uma paixão nacional. Para quem não sabe, o primeiro indício de algo semelhante ao futebol vem da China. Durante a Dinastia do imperador Huang-Ti em 3.000-2.500 A.C., era comum chutar os crânios dos inimigos derrotados. A meta era acertar a "bola" entre duas estacas cravadas no chão. Posteriormente os crânios foram trocados por bolas de couro. Yang-tsé membro da guarda do imperador da dinastia Xia 2.197 A.C., criou o esporte para fins de treinamento militar.

Voltando aos tempos atuais, aos poucos a China passou a investir mais em jogadores estrangeiros. Ou fazer parcerias com clubes de outros países, como aconteceu com o Everton, da Inglaterra. Além de estampar a marca, o clube inglês ainda teve um jogador em seu elenco. Li Tie, eleito o melhor jogador chinês em 2001, rumou para o tradicional clube de Liverpool após disputar a Copa do Mundo de 2002, nos vizinhos Japão e Coréia do Sul. Lá jogou pouco, é verdade, mas esse intercâmbio não deixou de ser uma experiência interessante. Já no primeiro ano da recém criada Super Liga, o artilheiro foi o ganês Kwame Ayew, que é tio de Rahim, Jordan e André Ayew, filhos de seu irmão e craque Abedi "Pelé" Ayew. Ele fez 17 gols com a camisa do então Inter Xangai (2005 a 2007), clube que teve outras nomenclaturas, foi Xangai Pudong (de 1995 a 2000) e Xangai COSCO Huili (de 2001 a 2004), hoje o time está na primeira divisão e se chama Ghizhou Renhe FC e atualmente ocupa a quarta colocação na Super Liga. Antes o clube era conhecido como Shaanxi Baorong Chanba, essas foram algumas das inúmeras vezes que trocou de nome.

O primeiro campeão nacional foi o Shenzhen F.C., clube que hoje nem figura entre os principais do país, relegado á segunda divisão, conhecida como League One. Se formos pensar nos títulos de 2004 para cá, o maior time do país pode ser considerado o Shandong Luneng (time de Obina), campeão três vezes desde a criação da liga. Beijing Guoan, Dalian Shide e Changchun Yatai foram os outros campeões, mas como não é só título que define a grandeza de um clube, Tianjin Teda e Shanghai Shenhua também são muito conhecidos. O Shanghai Shenhua que recentemente teve Jean Tigana como seu treinador não para por aí, chamou atenção do mundo ao contratar o francês Nicolás Anelka. Não satisfeito o clube ainda levou o treinador Sergio Batista, que treinou a seleção argentina não faz muito tempo. Anelka que chegou a acumular as funções de treinador e jogador, hoje é "só" assistente técnico, ao lado de Alioune Touré, com quem jogou no Paris Saint-Germain em 2002. Assim que o mercado foi aberto, o clube não economizou e contratou o marfinense Didier Drogba. Apesar da grana, o time não vai bem no campeonato, ocupando a 14º posição, uma acima do rebaixamento. No elenco tem o zagueiro brasileiro Moisés, revelado pelo Vitória e com passagens por Cruzeiro e Flamengo. 

O sérvio Mario Božić acaba de deixar o time para defender o Shanghai East Asia FC, da segunda divisão. Outro bom nome que chegou para essa temporada foi o colombiano Giovanni Moreno, que fez duas boas temporadas com a camisa do Racing Club, da Argentina. Outros estrangeiros presentes são o australiano Joel Griffiths, o francês Mathieu Manset e Victor Hsuan Chou que é de Taipé. Resta saber se os comandados de Batista vão se recuperar ou pagarão mico. O atual campeão é o Guangzhou Evergrande, que em 2011 foi campeão apesar de ser sua primeira temporada na primeira divisão. E com o andar da carruagem, provavelmente será bi-campeão. Ainda quando se encontrava na segunda divisão, o time já vinha se organizando e se preparando para os holofotes da primeira divisão. A primeira contratação de impacto foi do brasileiro Muriqui, o rápido atacante revelado pelo Madureira e com passagens por Vasco e Atlético Mineiro, se adaptou bem e foi um dos responsáveis pela subida do time. Os jogadores locais também foram importantes, casos do atacante Gao Lin e do camisa dez Zheng Zhi. O primeiro costuma fazer muitos gols, o segundo jogou por quatro anos na Inglaterra e estava no Celtic, da Escócia, antes de retornar ao seu país.

Em 2011 os investimentos passaram a ser pesados em busca de se manter na Super League. Buscaram o zagueiro Paulão no Grêmio, o argentino Darío Conca no Fluminense, o sul-coreano Cho Won-Hee no Suwon Bluewings e o atacante brasileiro Cléo. Cléverson (Cléo) Gabriel Córdova tem uma história interessante na Sérvia, jogando pelo Estrela Vermelha de Belgrado, por lá virou ídolo, decidiu se transferir para o Partizan. O amor rapidamente virou ódio, o jogador aclamado passou a ser visto como um traidor, fato é que ele foi corajoso ao mudar para o maior rival do principal time sérvio. Apesar dos xingamentos e dos protestos, os gols continuaram a sair aos montes, o que chamou atenção do Guangzhou. E o time que se preparou para apenas se manter na divisão de elite acabou sendo campeão, fato raríssimo, mas que já aconteceu algumas vezes no futebol. E para manter a hegemonia e continuar no topo, para essa temporada 2012 mantiveram o time e ainda trouxeram o atacante argentino naturalizado paraguaio Lucas Barrios. E não param por aí, seguraram o treinador sul-coreano Lee Jang-Soo e contrataram nada mais, nada menos, do que Marcello Lippi, técnico campeão mundial com a Itália em 2006. 

Com o crescimento econômico e o desenvolvimento do país, de 2010 para cá passaram a investir pesado no futebol. A tendência é isso cada vez aumentar, pois não estão contratando apenas jogadores em fim de carreira ou interessados somente na independência financeira. Conca estava no auge aqui no Brasil, Lucas Barrios é importante para a seleção paraguaia e aos 27 anos aceitou o desafio de jogar no futebol chinês.
Do primeiro colocado ao último, todos estão investindo procurando se fortalecer, isso tem elevado muito o nível da competição. O Dalian Aerbin de uma só vez contratou jogadores interessantes, os atacantes Peter Utaka, Mile Sterjovski e Gustavo Canales. O primeiro já foi convocado algumas vezes para a seleção nigeriana e é irmão de John Utaka, que é mais talentoso e por isso é presença certa entre os convocados das Super Águias. Sterjovski jogou durante anos com a camisa da seleção australiana, Canales foi um dos destaques da Universidad de Chile no segundo semestre de 2011, naquele time que encantou a América.

Sem contar o bom volante brasileiro Fabio Rochemback e o lateral-esquerdo ganês Lee Addy, presente no elenco ganês na última Copa do Mundo, disputada na África do Sul. Se você pensa que acabou, está enganado, mais três jogadores chegaram. O zagueiro australiano Daniel Mullen e os meio-campistas africanos Modeste M'Bami e Seydou Keitá. O camaronês estava no Changchun Yatai, atual 6º colocado na tabela, já o malinês saiu "apenas" do Barcelona, isso já faz o leitor ter uma ideia de como a grana anda rolando por lá. No elenco do Dalian ainda tem um simpático conhecido dos adeptos benfiquistas, o atacante Yu Dabao, que pertenceu ao time português durante cinco temporadas se faz presente. Durante esse período esteve emprestado para diversos clubes e foi pouco aproveitado na equipa encarnada.

Outro clube que investiu pesado nessa temporada foi o Guangzhou R&F, que do Brasil contratou quatro jogadores. O volante Jumar, que fez uma temporada de 2011 muito boa com a camisa do Vasco, o meia Davi e o atacante Leonardo, destaques do Coritiba na campanha que culminou com o vice-campeonato da Copa do Brasil e o artilheiro Rafael Coelho. Recentemente o clube fechou com o nigeriano Yakubu Ayegbeni, jogador que fez sucesso em diversos clubes na Inglaterra. Rafael Coelho apareceu muito bem em 2009 com a camisa do Figueirense, onde foi revelado. Teve uma chance num clube grande e acabou decepcionando, sem sucesso com a camisa do Vasco retornou ao sul do país, mas dessa vez para jogar no maior rival do Figueira, o Avaí. Por lá recuperou parte do seu bom futebol, o que lhe rendeu a transferência para o futebol chinês. Por lá está super bem, obrigado, é o artilheiro do campeonato com 14 gols. Um fato interessante a se observar é que os clubes não estão contratando a rodo e sem critério, pelo contrário, percebe-se que estão montando bons elencos. 

O Ghizhou Renhe por exemplo, contratou três jogadores que foram importantes para o Levante no último campeonato espanhol. O primo pobre de Valencia esteve por muito tempo entre os quatro primeiros, a 6º colocação no fim ficou de bom tamanho. Os atacantes Rafa Jordá e Rubén Suárez foram contratados, assim como Nano, jogador polivalente que pode atuar como lateral-esquerdo ou meia, muito bom nas bolas paradas e com certeza é uma das boas armas do time chinês. Para não ficar atrás dos ascendentes times, o tradicional Beijing Guoan tratou de se movimentar, levando o atacante equatoriano Joffre Guerrón e o atacante francês naturalizado malinês Frédéric Kanouté. O time que está na terceira posição a oito pontos do líder ganhou duas ótimas opções para seguir brigando pelo título. Esses jogadores se juntam aos outros cinco estrangeiros que já faziam parte do elenco. O croata Darko Matić, o senegalês Adama François, o português Manú, o brasileiro Reinaldo - revelado pelo Atlético Mineiro, com passagem pelo Feyenoord da Holanda, e maior parte da carreira feita na Austrália - e o sérvio Andrija Kaluđerović. Enfim, enquanto o mercado não fechar outras bombas podem explodir. Outros jogadores importantes do futebol mundial podem optar por encher seus bolsos de grana.  

Qual sua opinião sobre o crescimento do futebol chinês? Faça valer seu espaço e solte o verbo!

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